sexta-feira, 24 de julho de 2020
[Resenha] A Pequena Sereia e o Reino das Ilusões - Louise O'Neill
A Pequena Sereia e o Reino das Ilusões
Autora: Louise O'Neill
Editora: Darkside
Páginas: 224
Nota: 4/5
SINOPSE:
Esqueça as histórias sobre sereias que você conhece. Esta é uma história diferente ― e necessária. E tudo começa no fundo do mar. Com uma garota chamada Gaia, que sonha em ser livre de seu pai controlador, fugir de um casamento arranjado e descobrir o que realmente aconteceu à sua mãe desaparecida.
Em seu aniversário de quinze anos, quando finalmente sobe à superfície para conhecer o mundo de cima, Gaia avista um rapaz em um naufrágio e se convence de que precisa conhecê-lo. Mas do que ela precisa abrir mão para transformar seu sonho em realidade? E será que vale a pena?
A Pequena Sereia e o Reino das Ilusões chega para trazer um pouco mais de contos de fadas para a linha DarkLove, da DarkSide® Books. Mas não do jeito que você espera; aqui, a história original de Hans Christian Andersen ― e também suas versões coloridas e afáveis em desenhos animados ― é reimaginada através de lentes feministas e ambientada em um mundo aquático em que mulheres são silenciadas diariamente ― um mundo que não difere tanto assim da sociedade em que vivemos.
No reino de ilusões comandado pelo Rei dos Mares, as sereias não recebem educação, não têm direito de fala, devem se encaixar em um padrão de beleza impossível e sempre sorrir. É neste cenário que a autora irlandesa Louise O’Neill apresenta uma história sobre empoderamento e força feminina. Com narrativa e olhar afiados, a autora ainda desenvolve aspectos do conto original que passaram batido, como o relacionamento de Gaia com as irmãs e as camadas complexas da Bruxa do Mar.
A Pequena Sereia e o Reino das Ilusões, que chega ao mundo acima da superfície da água com o padrão de qualidade que virou marca registrada da DarkSide® Books, mostra como, em um reino comandado pelo patriarcado, ter uma voz é arriscado. Mas também como querer usá-la é uma atitude extremamente poderosa e valiosa. Ainda mais em tempos tão sombrios.
OPINIÃO:
Nesse livro conhecemos a pequena sereia Gaia, filha caçula do Rei dos Mares, que está completando seus quinze anos. Mas sua vida está longe de ser como ela deseja.
Gaia vive em um mundo onde mulheres servem apenas para serem mães e esposas. Seu pai é a lei, é quem manda e trata ela e suas irmãs como objetos, e as faz acreditar que a beleza é o que há de mais importante e que deve ser valorizado por elas. Nenhuma delas pode ousar desobedecer o Rei dos Mares e se o fizerem, sofrerão consequências.
Em sua primeira ida à superfície, Gaia se depara com um barco cheio de adolescentes e logo se encanta por um rapaz. De repente, uma tempestade faz com que todos do barco caiam no mar e ela só pensa em salvar esse garoto. E a partir daí, ela não consegue mais tirá-lo da cabeça. Então decide dar um jeito para que consiga se aproximar dele e depois disso começam os dias de sofrimento maior ainda.
Esse livro é muito da realidade ainda, infelizmente. Vemos garotas sendo chamadas de garotas como se fosse algo sem importância, concordando com que as toquem, com que as tratem da maneira como querem e elas apenas acatam a qualquer coisa, porque aprenderam que isso é o correto. Senti tanta raiva em vários pontos, com o desmerecimento por serem mulheres, por serem mandadas calar a boca, por apanharem e fazerem tudo isso caladas, infelizmente sendo a única maneira que conheciam e que achavam que deveriam seguir. Quando Gaia estava em terra firme, como sofri com ela e cada dor que sentia, cada coisa que passava e eu só conseguia pensar em sua ingenuidade e só me fazia pensar em como ainda temos isso no mundo em que vivemos hoje.
Destaco aqui o final do livro, que é de arrepiar e de bater palmas. Como vibrei com a reviravolta toda e como sorria com Gaia e sua libertação. Esse livro deveria ser lido por todos, principalmente nós mulheres! Quando disserem que você é só uma garota, tenha em mente que é um orgulho ser uma garota, porque nós podemos ser e fazer o que quisermos. E como diz uma certa mulher na história: "Bruxa é simplesmente um termo que os homens dão às mulheres que não têm medo deles, às mulheres que se recusam à submissão"!
Leiam!
@falandosobrelivros
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